MB Nacional: Tools Challenge vols. 1 e 2
Para quem acompanha minhas resenhas aqui sabe muito bem meu apreço por obras nacionais e a paixão pela diversidade que elas propõem, tanto quando utiliza-se o formato de mangás e comics tradicionais. E quem também me conhece sabe da minha admiração por Max Andrade. Apesar do famoso estrondo de Juquinha (que também tem resenha aqui), sendo uma das minhas obras favoritas, recentemente tive o meu primeiro contato com os dois primeiros volumes de sua serialização mais “shōnen” (por assim dizer), e que logo de cara, toda a esquematização de narrativa já me interessou bastante. A obra em questão é Tools Challenge.
Tools Challenge é um mangá original que se passa em um mundo como o nosso, mas onde cada pessoa nasce com uma ferramenta. A série conta a história de Raion, um jovem que precisa recuperar sua ferramenta de nascença e evitar sua morte prematura. Para isso, deve enfrentar outras pessoas que nasceram com ferramentas especiais – as Série Ouro – em um obscuro e ilegal campeonato de lutas chamado Tools Challenge.
Seguindo o esquema narrativo padrão dos shōnens, a primeira olhada aparenta apenas mais uma história genérica do ramo. Porém, logo no primeiro volume, toda originalidade do autor ganha espaço, seja em seu traço ou em seu esquema narrativo, como a utilização de poderes e até mesmo as ferramentas (afinal, por que ninguém nunca pensou isso antes?). Por mais inusitado que seja, o autor consegue criar um exímio porte narrativo para que a desenvoltura do protagonista com as pessoas ao seu redor e suas motivações não seja algo padrão, mas bem exótico e como novo.
Toda a jornada nesses dois primeiros volumes bebe bastante de clássicos como Dragon Ball, Yuyu Hakusho, One Piece e por aí vai, mas isso não surge como limitação e padronização dessa narrativa. A obra tem sua originalidade, na estética que evolui conforme os volumes passam, sendo essas inspirações apenas a sua base para criação de seu rumo. E o Max Andrade consegue se desprender muito bem delas quando quer, mostrando cenas de lutas e diálogos que até muitas vezes causam bastante êxtase.
Esses dois primeiros volumes apresentam esse universo que aparenta, de forma única, crescer de maneira exponencial. A trama, que já está completa, foi um mangá totalmente nacional e lançado com a ajuda de financiamento coletivo, sendo uma obra que, além de todo seu padrão alto narrativo, deve ser vangloriado também pela sua importância em nossa cultura.