MB Review: Zero Eterno

“A história é escrita pelos vencedores”. Em Zero Eterno, temos a Segunda Guerra Mundial do ponto de vista de um soldado kamikaze japonês, coisa que não estamos tão habituados a ver. É uma coleção indicada para aqueles que gostam de histórias de guerra e procuram algo diferente para ler sem ter que gastar muito.

“Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar.” – Sun Tzu

Os kamikazes japoneses que participaram da Segunda Guerra Mundial até hoje são associados com bravura, coragem, determinação, loucura, falta de bom senso ou tudo isso junto. Mas é interessante tentar entender que por trás daquela situação, existiu um contexto muito maior que levou parte dos nipônicos à lutarem no maior conflito armado da história. Muitos deles, nem mesmo queriam ir à guerra. Mas, infelizmente, essa não é uma escolha unicamente pessoal.

Zero Eterno é originalmente um romance escrito por Naoki Hyakuta, que foi adaptado para mangá por Souichi Sumoto. A versão quadrinizada foi lançada por aqui em cinco volumes pela JBC, em 2015.

A obra se passa 60 anos após o fim do conflito, quando um casal de irmãos decide ir atrás dos detalhes da vida do avô deles, Kyuzo Miyabe, que foi piloto de avião durante o período. Como já é falecido, cabe a eles procurar documentos, cartas e conversar com pessoas que tiveram contato com Miyabe naquele período. E isso dá à eles uma nova visão do próprio ancestral, que muitas vezes foi visto como covarde, mas que na realidade, era um homem sábio, passional e que tinha amor à vida. Se mostrando muito mais valente do que a maioria dos soldados que corriam para a morte em um avião, sem considerar nada. 

A arte é muito bonita e a qualidade física do material deixa isso evidente. Nunca li o livro original, mas se me dissessem que o original é o mangá, eu acreditaria, pois é uma adaptação e tanto.

Não é um mangá perfeito, mas é uma leitura muito interessante pois temos aqui a guerra do ponto de vista de um soldado japonês, coisa que vemos aqui com pouca frequência, salvo exceções como Marcha Para a Morte, de Shigeru Mizuki. Na guerra há apenas loucura e destruição, coisa que se repete até os dias de hoje e temos exemplos recentes disso. Porém, nem todos aqueles que lá estão são a favor do que acontece, e Miyabe é um desses. Ser “covarde” foi o maior ato de coragem que ele poderia ter tido.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *