MB Literário: Shinjuku

Em uma rotina que boa parte das minhas leituras estavam concentradas em HQs nacionais e mangás, tive um pequeno empurrão para o hábito de construção em livros ilustrados (não só crônicas ou livros). E me deparei recentemente finalizando Shinjuku, publicado originalmente pela Dark Horse e no Brasil pela NewPOP Editora, com excelentíssimo acabamento gráfico e páginas que deram extremo contraste a beleza das artes. Mas afinal, o que é Shinjuku?

Trata-se da história do caçador de recompensa Daniel Legend no ano de 2020, que se encontra perseguindo uma presa diferente: sua própria irmã, há muito tempo desaparecida. Armado apenas com seu juízo, sua arma e um misterioso cartão-postal, segue para o coração da multicultural Shinjuku, distrito de Tóquio, onde o choque entre dois mundos – o criminal e o infernal – ameaça as bases da própria realidade. O escritor e diretor Christopher “mink” Morrison (Dust) e o artista Yoshitaka Amano (Final Fantasy, Sandman, Vampire Hunter D) unem suas forças para produzir o inesquecível conto sobre destino, perigo e artes das trevas.

A narrativa em todo o livro é extremamente pesada e com a carga histórica muito parecida com filmes e séries americanas de ação, mas utilizam da mescla com o metafísico japonês, onde habilidades estranhas e esquemas são montados para assustar ou causar tensão. E isso, graças também a arte de Amano, que varia do pincelado fino ao grosso, você sente a conexão cronológica.

Shinjuku transmite muito bem uma narrativa de gato e rato, onde o desejo por vingança e ódio se mantém até a metade do livro, e, por mais que em alguns momentos a trama flerte com o genérico cultural americano de ação, graças ao mix com o sobrenatural, produz ainda mais uma sensação de desejo e tensão. Os personagens são bem desenvolvidos e seus interesses se mostram bem arquitetados até o fim.

Vale lembrar que a história é um livro, hein, e não uma HQ. Os textos apresentam as ilustrações como forma de foque cronológico ou em momentos em que a descrição em formato narrativo não se vê necessária. A obra, apesar do tamanho extremamente grande, é fluida e com um término dinâmico, valendo assim a experiência.

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