MB Review: O melhor que podíamos fazer

Em O Melhor que Podíamos Fazer, Thi Bui nos leva a conhecer a jornada dela e de sua família, desde os difíceis momentos durante a guerra do Vietnã, a fuga para os EUA até o nascimento de sua primeira filha.

“Meus pais fugiram do Viêt Nam num barco para que seus filhos crescessem em liberdade.”

Seu filho acabara de nascer e ela sente sua vida mudando e suas emoções transbordando. Isto faz com que Bui comece a refletir e questionar sobre o sentimento de ser mãe pela primeira vez e como sua própria deve ter se sentido naquele momento.

Com o questionamento em sua mente, a artista se põe a relembrar momentos e lembranças coletadas com o passar dos anos, histórias contadas por seus pais sobre a infância e vida adulta.

A autora começa a contar sua história, e não pode fazê-la apropriadamente sem mesclá-la com contos sobre seus pais e as dificuldades passadas por eles. Durante o livro viajamos no tempo cobrindo diferentes partes de seu passado.

“agora entendo que proximidade e estar perto não são a mesma coisa.”

Seus pais cresceram no Vietnã em meio à guerra, cada um com sua própria cicatriz e trauma, que tornaram partes de seu ser e marcam fortemente suas personalidades. Eles passaram por muitos desafios, incluindo a perda de dois filhos.

A forma delicada com a qual ela lida com todas as memórias é absurdamente linda. Os traços se chocam com a história e se encaixam perfeitamente, transmitindo o tom sério, porém, sem torná-lo amargo.

Thi Bui resgata suas raízes e laços familiares construídos com o passar do tempo. Ela retrata sua infância, de seus irmãos e pais, a luta por segurança e sobrevivência em meio a um país sufocado pelo caos da guerra.

A todos os amantes de memórias e biografias, O Melhor que Podíamos Fazer é uma história em quadrinhos que você precisa conhecer.

Ao contar sua história, a autora trabalha com um carinho e atenção que só ela seria capaz de exercer. Seus relatos são preciosos, ao mesmo tempo repletos de angústia, que ela não hesita em explorar.

A narrativa, misturando o presente e passado, pode se tornar um pouco confusa, em especial para os que não tem o costume com o tipo narrativo, mas não causa perda ao livro de nenhuma forma.

Apresenta uma história pessoal e dolorosa, repleta de sentimento e dor. Suas histórias são sua força e a de seus pais e irmãos. Sua jornada para driblar os julgamentos e mágoas para se colocar em um lugar de empatia é comovente e inspirador. Ela buscou compreender e se influenciar com o passado a fim de fazer de suas experiências futuras as melhores possíveis.

“O quanto de mim é meu e quanto está gravado no meu sangue, dos meus ossos predestinado”

Thi Bui nasceu no Vietnã e imigrou para os Estados Unidos ainda criança. Estudou Arte e Direito e considerou se tornar uma advogada de direitos civis, mas, em vez disso, virou professora de escola pública. Atualmente mora em Berkeley, Califórnia, com o filho, o marido e a mãe. O Melhor que Podíamos Fazer” é sua primeira graphic novel, sendo lançada em 2017 pela Editora Nemo.

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