MB Review: Nem Todo Robô
Imagine uma sociedade onde robôs comandam a economia a ponto dos humanos dependerem dessas máquinas para sobreviver? Esse universo distópico é mais real do que você imagina? Confira nossa análise de Nem Todo Robô de Mark Russel e Mike Deodato Jr. da editora Comix Zone.
Quando vi que Nem Todo Robô estava concorrendo ao Eisner de 2022, fiquei curioso para lê-lo. No fundo tinha um receio em me decepcionar, mas nunca imaginei que ia gostar tanto.
As obras da editora Comix Zone trazem um posicionamento crítico frente aos problemas da sociedade. Nem todo Robô é a mistura de um universo distópico que em um primeiro momento faz parecer uma história sem muito sentido. Contudo, tudo nela foi pensado para garantir reflexão sobre a sociedade atual.
A história se passa num futuro onde os robôs passaram a governar o mundo por incompetência da própria humanidade. Entretanto, sua aparência e brutalidade fazem com que os robôs sejam rejeitados pelos os humanos, o que dá origem a todo o conflito da HQ.
Somos apresentados a uma família típica de Atlanta, nos EUA. O chefe da família foi substituído por um robô e está conformado com isso. A esposa sente-se acuada e quer uma mudança de postura do marido. Os filhos esperam por mudança, pois não aceitam como a vida está e o robô, provedor da família, está incomodado pela indiferença de todos.
O humor fica por conta do sarcasmo em um enredo crítico do primeiro ao último quadro. Fica explícito o descontentamento no tocante ao tratamento dado aos idosos, mulheres e minorias, bem como a polarização de ideias comum nos dias de hoje.
A arte de Mike Deodato Jr. é muito boa. Os robôs são bem detalhados e os personagens humanos são um show à parte, com uma riqueza de detalhes insana. A capa é lindíssima, causando uma sensação de algo sombrio e tenso.
A edição da Comix Zone é maravilhosa. Com um belíssimo projeto gráfico, capa dura e papel de alta qualidade, fazendo jus à edição e valendo o preço de capa.
Nem todo Robô é incrível. Uma das melhores leituras para 2022, não é de espantar que esteja concorrendo ao Prêmio Eisner. É uma HQ indicada para quem quer compreender um pouco mais da sociedade em que vivemos.