MB Classic: Planetes

Qual o preço do progresso? Essa questão está em evidência no debate público e vem ganhando espaço nas narrativas. Esse processo não é de hoje, algumas obras clássicas como Genocyber já propunha o debate. O clássico de hoje é a adaptação animada de Planetes, obra de 2004, que inesperadamente pode ser chamada de clássica, mesmo sendo tão atual.

Sinopse: A humanidade já deu seus próximos passos para a colonização do espaço. Em 2075, um grupo de astronautas da Estação Espacial Tecnora é responsável por coletar detritos espaciais que possam interferir no fluxo de entrada e saída de naves na Terra.

Algumas obras merecem ser revisitadas, e em alguns casos divulgadas. Com muita satisfação trago um pouco da ótima adaptação de Planetes para anime. A obra que colocou Makoto Yukimura em evidência, e antes de falar sobre Vikings, o moço viajava além de nossa atmosfera e nos fazia questionar o preço do progresso.

Planetes conta com 26 episódios e foi produzido pelo elogiado estúdio Sunrise.

A obra gira em torno de um grupo de astronautas com a função de coletar detritos de satélites. Considerados os lixeiros do espaço, o grupo recebe pouco investimento e valorização, tendo em vista a importância de sua função. E aqui já abro um parêntese para um dos centros narrativos da obra. 

O futuro está no espaço, ou talvez seja a sobrevivência?! O início da narrativa é focado no dia-a-dia de Hachimaki, Tanabe, Carmichael e Mihairokov. Trazendo histórias curtas que nos conectam com o universo da narrativa, enquanto desenvolve sua trama na busca de Hachimaki por um propósito maior.

Embora o tom inicial de Planetes seja slice of life e comédia, em seu desenvolvimento podemos perceber a premissa de desvalorização do núcleo de personagens como parte de algo maior, representando o descaso com o planeta em que vivemos. É quase bobo a forma como a obra nos introduz em um contexto de forte degradação ambiental, sem ao menos se passar na Terra.

Um dos aspectos mais  interessantes do anime é sua diferença da obra base, sem modificar muito os acontecimentos, mas deslocando a discussão. O mangá tem uma veia filosófica sobre o nosso lugar e tamanho diante dentro um vasto universo. Em contrapartida, o anime escolhe olhar para a Terra e as relações de desigualdade, buscando entender a quem interessa o desenvolvimento e quem colhe o melhor desse processo. Ditando um segundo momento narrativo, que apresenta um excelente arco dramático.

Planetes é um primor no quesito animação, mas está longe de resumir a experiência. Não é equivocado dizer que mesmo com uma péssima animação, ainda seria bom. Roteiro e texto conscientes, bons personagens e um caminhar por diferentes gêneros: drama, comédia, romance, sci fi e slice of life. Tudo isso faz com que alcance diferentes públicos e traga um importante debate no entrelaçamento dos episódios.

Episódios: 26

Direção: Gorou Taniguchi

Estúdio: Sunrise

Gêneros: Sci Fi, Drama, Romance

O mangá foi publicado no Brasil pela Panini em formato tanko (4 volumes).

One thought on “MB Classic: Planetes

  • 8 de setembro de 2022 em 22:51
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    Ótima premissa, tenho muita vontade de obter a versão imprensa da Panini, e é o tipo de obra que me agrega muito visto que tem discussões muito atuais que podem ser debatidas no mundo dos vestibulares.

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