MB Review: Mortos de Amor

Mortos de Amor é mais um dos pedaços da ‘Masterpiece Collection’, de Junji Ito, que a editora Pipoca & Nanquim está publicando no Brasil. Desta vez, o grande destaque da edição, fica por conta do conto bizarro que dá nome ao mangá.

A coletânea saiu originalmente no Japão em 2011, embora os contos contidos nela sejam anteriores a isso. A edição brasileira possui 412 páginas, capa cartão com sobrecapa e é acompanhada de marcador de páginas e 4 cards colecionáveis. 

A história Mortos de Amor é a maior desta edição. A trama acompanha Ryusuke, que retorna à sua cidade natal que sempre está encoberta por uma névoa densa, onde as pessoas têm o antigo costume de ir às encruzilhadas para que tenham a sorte lida pela primeira pessoa que passar. Inclusive, esse foi o motivo pelo qual o protagonista teve que mudar de cidade 10 anos antes. Nestas encruzilhadas aparece o misterioso “garoto de preto”, uma figura bela e assombrosa que deixa as garotas apaixonadas por sua figura, fazendo com que elas se suicidem. Ryusuke quer descobrir quem é esse garoto e impedi-lo.

É um conto ótimo, cheio de reviravoltas e com uma atmosfera opressora. O destaque vai para a arte, pois como a trama se passa em um lugar com névoa, Junji Ito exagera nas hachuras e no sombreamento dos personagens e do ambiente. O mais legal é que tudo foi feito de modo tradicional, sem o uso de mecanismos digitais, deixando a arte única.

Temos ainda mais 5 histórias. Duas delas protagonizadas pelos bizarros irmãos Hikizuri, em seguida “A Mansão da Dor Fantasma”, “A Mulher das Costelas” e “Memórias de um Cocô Realista”.

Depois das histórias envolvendo os Hikizuri, o destaque vai para “A Mansão da Dor Fantasma”. Aqui o protagonista é contratado para cuidar de um jovem que sente dor, mas ao invés de sentir dor em seu corpo, ele sente em partes da casa. Sim, é tão bizarro quanto parece e eu achei genial. “A Mulher das Costelas” não é ruim, mas na minha opinião é a história mais fraca do compilado. A trama acompanha uma mulher que realiza uma cirurgia de retirada de costelas para fins estéticos, mas acaba se arrependendo.

Por fim, “Memórias de um Cocô Realista” narra uma história autobiográfica de Junji Ito. Algo bastante cômico. É notável como o autor consegue fazer histórias do gênero bem interessantes, como vimos em “Diário dos Gatos” e nos contos “Mestre Umezz e Eu”.

Mais uma leitura muito satisfatória. Indico para todos que já acompanham o trabalho do autor, que atualmente é um dos mais publicados no Brasil. Além disso, como Junji Ito costuma fazer histórias curtas e o mangá serve como porta de entrada para o universo do autor.

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