MB Review: Ashita no Joe #01
Ashita no Joe entra facilmente na lista de mangás mais importantes já publicados no Brasil. Um mangá de boxe, com mais de 50 anos de idade, que vai muito além do esporte e continua extremamente atual.
Escrito por Ikki Kajiwara e desenhado por Tetsuya Chiba, Ashita no Joe foi publicado entre janeiro de 1968 e maio de 1973 nas páginas da revista Weekly Shounen Magazine e rendeu 20 volumes. A edição da editora NewPOP será completa em 12 edições. A obra recebeu duas séries em anime, totalizando 126 episódios.
A história segue Joe Yabuki, um adolescente com 15 anos, órfão, que vive perambulando pela periferia de Tóquio, até que um dia acaba se envolvendo em uma briga com Danpei Tenge, um ex-boxeador bebum que dormia no chão de uma praça. Joe derruba Tenge que, ao perceber os movimentos do jovem, vê nele um enorme potencial para se tornar um lutador de boxe.
Ashita no Joe é um daqueles mangás que transcendem a própria temática. Mesmo que exista o foco no esporte, neste primeiro volume, acompanhamos o Joe como pessoa. Vemos seus dramas, suas trapalhadas, a gangue de crianças que ele forma (crianças essas que acabam se afeiçoando a ele), sua ida ao reformatório e os desafios que ele enfrenta lá.
Fica evidente que se trata de um shounen antigo. Os traços caricatos (que são pra lá de charmosos) entregam a idade da obra, ao mesmo tempo em que deixam um pouco mais suave a representação de alguns temas muito complexos como pobreza, alcoolismo, abandono e desigualdade. Para aqueles que querem apenas uma boa leitura, Ashita no Joe é recomendado, pois entretém muito o leitor. Porém, se você ler a obra com um maior senso crítico, observando todos os detalhes, vai apreciar bem mais. Eu ouso dizer que o mangá não se trata de boxe, mas sim, da vida de Joe, que encontrou uma salvação no esporte. E tudo isso, faz um mangá de quase 60 anos ser muito mais atual que muitos lançados há 5 anos.
A edição brasileira está bastante competente. Encontrei apenas um erro de revisão, logo nas primeiras páginas. O mangá não inventou a roda, ainda é um shounen e não tenta ser outra coisa, e não que isso seja ruim. Sou contra aquela coisa de dizer que tal título é “obrigatório”, mas se existe algo próximo a isso e que todo fã de mangá deveria dar uma chance, é Ashita no Joe.