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MB Review: Lady Snowblood vol. 3

Yuki é uma mulher que nasceu com um propósito singular: a vingança. Vingar seu pai e seu irmão, que foram cruelmente assassinados por bandidos gananciosos, e também sua mãe, que deu à luz na prisão àquela que continuaria pelo caminho de shura, a fim de fazer justiça com as próprias mãos. 

Às vezes, pode ser que esses caminhos levem a situações excêntricas, no entanto, o que será que  aguarda Yuki no penúltimo volume de sua história de vingança?

Lady Snowblood

No penúltimo volume de Lady Snowblood, finalmente a história fica mais concentrada e segue para os momentos derradeiros da obra, que culminaram no volume final. Ressalto que as duas edições anteriores deixaram a impressão, para muitos leitores, de ser apenas mais um mangá de ação divertida com momentos bem rasos, principalmente para aqueles que amam Lobo Solitário e que, de certa forma, buscavam nesse mangá uma história do mestre no mesmo nível ou até superior.

Foi nesse volume que, pra mim, o mestre Koike nos dá uma de suas maiores cartadas na trama, com o magnífico capítulo 11 “Viagens e vigarices de um escritor parte 1 e parte 2”, onde finalmente a história da protagonista e de sua mãe vem a público nos jornais, sendo narrada por ela (Yuki) e escrita por um famoso e talentoso escritor, que ficou hipnotizado por ela após um plano mirabolante que a jovem orquestrou pra prender e chamar a atenção do escritor. Só por esses dois capítulos excepcionais o senhor Koike já é digno de aplausos e reconhecimento por essa obra.

Uma pergunta que pode surgir entre os leitores que acompanharam apenas os dois volumes anteriores e que ficaram em dúvida se continuarão lendo as próximas edições, devido a terem ficados incomodados com tal abordagem que a obra tem: A objetificação feminina, a violência física e sexual da mulher ainda é presente neste volume? E a resposta é um enorme SIM!

Eu compreendendo que, para diversos leitores, tais acontecimentos possam chocar e causar gatilhos, porém o senhor Koike mostra a verdade nua e crua das práticas sexuais e violência contra a mulher que acontecia na Era Meiji, ele de forma alguma tentou mascarar ou suavizar tais situações desumanas, o que eu acho um ponto positivo, pois mesmo sendo um cidadão japonês ele toca na ferida da história suja do Japão até sangrar, e eu mesmo fui aprender alguns dos fatos históricos desse período do Japão graças a Lady Snowblood, que nos passa um certo conhecimento da Era Meiji.

Pra fechar, gostaria de mencionar mais uma vez a bela arte do Kazuo Kamimura, ao qual eu já havia elogiado antes na análise do primeiro volume. Mesmo a arte dele não sendo tão detalhada como um Takehiko Inoue ou Kentaro Miura, não podemos dizer que ele não sabe desenhar as emoções das personagens, sendo que as cenas de ação possuem uma delicadeza poética tão linda que é não é qualquer um que consegue fazer igual, simplesmente um gênio o mestre Kamimura!

Em suma, Lady Snowblood, desde o primeiro volume, não é uma leitura para todos os públicos. Aqui temos uma leitura extremamente pesada em diversos níveis, mas que consegue nos envolver com o roteiro hábil do Kazuo Koike e o traço poético de Kazuo Kamimura, que dupla meus amigos! Mal posso esperar pelo último volume.

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