MB Especial: Anime Friends SP 2022 – Impressões

Depois de dois anos sem eventos por conta da pandemia de Covid-19, Anime Friends ganhou força. Entre os dias 08 e 10 de julho tivemos uma nova edição da Anime Friends (AF) depois de dois anos pausada por conta da pandemia de Covid-19. O evento manteve seu formato tradicional e antigas atrações dividiram o palco os novos queridinhos do público. O evento tentou agradar os mais jovens sem deixar de lado os friends que o frequentam há quase duas décadas.

Aproveitando a brecha aberta nos últimos meses, pudemos participar de mais uma edição do evento otaku mais famoso do país. Friends do país inteiro puderam se reunir para assistir animes, concursos de cosplay e tomar o bom e velho Mupy.

Para quem acompanha o encontro há mais de dez anos, animação e apreensão se misturavam para a edição de 2022. Isso porque a Anime Friends, abarrotada até o meio da década passada, teve suas duas últimas edições um tanto quanto minguadas.

Se na noite do último dia de evento em 2019 alguns decretaram, a boca miúda, o fim de nosso amado AF, parece que pagou com a língua e ao ver um evento abarrotado este ano. Foram três dias de casa lotada, com muitas atrações que agradaram aos novos visitantes sem se esquecer dos Friends com quase vinte anos de encontro.

Para alguns foi um espanto um ingresso com o preço tão alto para os três dias. Mas com a parceria feita entre a Maru e a Secretária de Turismo da Prefeitura de São Paulo foi possível reverter um primeiro dia que podia ser fraco. Os ingressos disponibilizados de forma gratuita agradaram não apenas as escolas e os jovens de mesada curta, mas também parte dos lojistas que puderam reforçar seus caixas logo no primeiro dia. A parceria talvez tenha agradado até mesmo aos dois representantes presentes, uma vez que seu baixo desempenho eleitoral e aprovação por parte da população faz com que tenham de aparecer em todo e qualquer evento.

Contudo, segundo alguns expositores com quem pudemos conversar, o final de semana era o momento mais aguardado. Segundo estes, no sábado não apenas os portões estavam abertos, mas também as carteiras.

Se as vendas tiveram ou não uma melhora apenas a semana pós-evento dirá. Mas podemos confirmar que o encontro contou com atrações para todos os públicos.

O espaço estava dividido entre lojinhas típicas com toys, jogos, roupas e Pop Funkos de um lado e do outro lado estandes de editoras. Entre estes tínhamos espaços temáticos e de games por onde passava um mar de gente a desaguar nos palcos. O destaque fica para a Newpop com uma fila quilométrica nos três dias de eventos e a Pipoca e Nanquim com descontos e o power trio mais amado pelos geeks. Ainda pudemos contar com a JBC e seu amado estande com totens de mangás e espaço de descanso, além da editora Panini com dezenas de quadrinhos com descontos.

Contudo, precisamos levar em conta que os estandes das editoras continuam como um espaço exclusivo para compras, contando com pouca interatividade. Davam a impressão de espaços para levar os mais vendidos ou aquilo que precisavam descartar. A não ser pelas lojas especializadas, as editoras contavam com muita quantidade dos mesmos volumes, a não ser o primeiro de muitos títulos inviabilizando o início de uma nova coleção.

Outro ponto a ser destacado são os lançamentos feitos durante o evento. Pudemos contar com poucos anúncios seguindo as fórmulas: pública e república autor que já faz sucesso ou BL, demonstrando muito mais um situacionismo de mercado emergente que uma consciência com a causa. Isso pareceu muito menos falta de criatividade das editoras, e estar mais conectado com uma falta de alinhamento por parte da AF.

As editoras estavam mais interessadas em falar sobre o reajuste nos papéis e as mudanças no mercado editorial durante o período de pandemia. Se o período de isolamento, ou algo que fazem crer, trouxe novos leitores para as editoras, parece que as ideias de lançamento não puderam se renovar muito. Porém, esse público que chega talvez seja uma força para realizar o sonho de algumas editoras em trazer material novo, sobretudo os manhwas tão desejados pelo público.

Neste ano contamos com quatro palcos. A Arena K-Pop contou com a apresentação de grupos compostos por fãs do gênero. O Auditório Ultra, espaço para frequentadores descansarem enquanto assistiam a animes e se encontrarem dubladores famosos. No Palco Cosplay tivemos os já tradicionais concursos de cosplays e mesas de editoras com uma conversa sobre o atual mercado editorial e o tão aguardado anúncio de novos títulos. Já o Palco Principal estava reservado para performances de grupos musicais internacionais e covers nacionais.

No que diz respeito aos palcos dois merecem destaque. O Auditório Ultra contou com sessões abarrotadas para a conversa com dubladores, despertando os mais diversos sentimentos em quem lá estava. Outro que chamou muito a atenção foi o Palco Cosplay com os concursos já tradicionais.

Não podemos deixar de notar a pouca interatividade dos palcos com o público em diversos momentos. Era muito comum que entre um show e outro ou no espaço entre as apresentações das editoras, as apresentadoras e apresentadores tivessem de procurar algo para entreter o público. Por vezes, com falas direcionadas a quem estava mais perto do palco procurando, com um pouco de história pessoal, pescar a atenção do público.

Nada contra quem apresenta falar de seus anos anteriores fazendo cosplay ou como se divertindo nos eventos anteriores. Mas isso acontecia por um espaço muito grande entre uma atividade e outra e não de forma organizada para o resgate de uma memória dos quase vinte anos de AF. Talvez valha como conselho para os organizadores. Os palcos precisam de mais atividades e o pessoal mais antigo de mais atenção, não de sorrisinhos sem graça por parte do público.

As atrações não diferem muito das já tradicionais. Games de dança e Guitar Hero, Espaço Harry Potter, Tokusatsus, Star Wars, Salas temáticas e sessão de fotos para Cosplayers mantiveram-se em pé. Talvez o diferencial sejam os espaços de K-Pop que vem ganhando terreno no AF.

O evento ocorreu em um final de semana disputado na cidade de São Paulo. Mesmo com Bienal do Livro,  BIG Festival e Marcha para Jesus, a AF conseguiu marcar presença em São Paulo, abarrotando os corredores de lojas no Anhembi.

Não sabemos se isso ocorreu pelo momento de reabertura das atividades na cidade de São Paulo, com um público ansioso por sociabilização, ou se o evento em si foi suficiente para tanto sucesso. O que sabemos é que o evento deste ano nos permite dizer que a cultura otaku não morreu e que novas edições ainda estão por vir.

Mas para que o sonho se torne realidade, a AF terá de investir nos estandes para não ver seu público murchar nas próximas edições. Talvez possam tomar o exemplo da CCXP, que junta compras ao entretenimento, permitindo uma maior imersão no evento.

Além disso, muito investimento foi feito na apresentação de MMORPGs mas nada pudemos ver de campeonatos de jogos eletrônicos. Esse é um elemento que faz falta. Às vezes um televisor de 14 polegadas e meia-dúzia de cadeiras plásticas chamam mais atenção do que um grande estande com panfletos de inscrição online.

Para quem visita o evento uma primeira vez é quase sempre algo inesquecível. Mas caso não mude essa fórmula e volte a investir numa interatividade entre os visitantes, o evento pode voltar a minguar. O público ainda quer algo que o faça interagir uns com os outros e com os estandes. Querem se sentir Friends, não consumidores.

Na cerimônia de encerramento ainda fizeram a promessa de que em 2023, com as comemorações de 20 anos de AF, podemos esperar surpresas. Seria esse um renascimento dos eventos de animes? Torcemos por uma resposta afirmativa. Mas isso, apenas o tempo nos dirá.

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