MB Listas: Meio tankos que (ainda) não ganharam relançamento – Parte 1

No início do ano, fiz uma lista dividida em duas partes onde eu citava mangás que eu considerava terem vindo para o Brasil na hora errada, e não obtiveram o devido reconhecimento por conta disso. Caso queira ler, basta clicar aqui  e aqui.  

Hoje, venho apresentar mais uma lista referente ao mercado de mangás brasileiro, desta vez sobre mangás lançados em meio tanko e que ainda não foram relançados. Se você está aqui, é provável que saiba o que é um “meio tanko”, mas caso não saiba, não há problema, eu explico.

Lá no início dos anos 2000, editoras como Conrad e JBC entravam no mercado de mangás com a proposta de trazer obras como Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, Rurouni Kenshin, Card Captor Sakura, entre outros, no sentido de leitura original, aproveitando que todas as séries citadas tinham ou tiveram sua adaptação em anime exibidas na TV brasileira.

O brasileiro, de um modo geral, não sabia o que era exatamente um “mangá”, e nem como se lia aquilo, mas tendo em vista que os animes estavam em alta, lançar a “versão em quadrinhos” daqueles animes soava uma excelente ideia, e foi. Porém, o público alvo dessas publicações geralmente eram crianças e pré-adolescentes e, para deixar o produto mais acessível e mais condizente com a realidade brasileira da época, surgiu o formato em questão.

O meio-tanko nada mais é que literalmente metade de um tankobon  (volume encadernado). Por exemplo, se um volume de One Piece da Panini tem em média 190 páginas, um meio tanko da obra, lançado pela Conrad em 2002, possui cerca de 80 páginas. Obviamente, o preço também era menor. 

Houve uma quantidade considerável de mangás lançados nesse formato. A própria editora Panini iniciou sua publicação de mangás no Brasil dessa forma. Atualmente, o formato não é mais utilizado (salvo em publicações como Yokai Watch, que foi um fracasso em vendas), pois o mercado já é maduro o suficiente para suportar mangás no formato original e até as cada vez mais frequentes “edições de luxo/colecionador”.

Entretanto, a época do meio tanko é relembrada com saudade por alguns e com desdém por outros, por conta dos problemas de encadernação que eram frequentes. Pois bem, então vamos à lista!


Cowboy Bebop

A versão em quadrinhos do aclamado anime (o qual também fiz um texto, só clicar aqui para ler) foi escrita e desenhada por Yutaka Nanten e lançada por aqui pela editora JBC, entre junho e julho de 2004, ao preço de R$4,90. No Brasil, o mangá foi concluído em 6 edições, que correspondem aos 3 volumes japoneses. O anime de Cowboy Bebop não é uma adaptação do mangá, o que sabemos que é algo comum de acontecer. Nesse caso, o anime é a obra original e o mangá conta uma série de histórias inéditas que acontecem paralelamente ao anime e ao longa. 

Apesar de ser fã declarado da série, nunca tive curiosidade de ir atrás do quadrinho. A proposta de trazer novas histórias pode até ser interessante, e mesmo já tendo ouvido alguns comentários positivos a respeito, a grande maioria das coisas que li/ouvi sobre esse mangá são negativas, o que me desanimou bastante. Aliás, o anime funciona muito bem por si só e essa adaptação me parece apenas mais um caça-níquel. Acho que até existe, sim, uma chance de relançamento, mas acredito que ele não esteja nos planos prioritários da JBC ou de qualquer outra editora.

El Hazard

Lançado no Brasil pelo preço de R$5,90, entre agosto de 2006 e janeiro de 2007, El Hazard teve 6 volumes publicados aqui, equivalentes aos 3 lançados no Japão entre 1996 e 1997. O mangá é mais um caso de adaptação vinda do anime, que foi exibido no Brasil no extinto bloco “Band Kids”. E é quase certeza que esse foi o motivo para a publicação da obra no Brasil. A série animada foi produzida pelo estúdio AIC e teve 26 episódios. Já o responsável pela versão em quadrinhos da série foi Hidetomo Tsubura. Fiquem com a sinopse retirada do site da própria editora JBC, que foi responsável pela publicação do mangá aqui. 

“El-Hazard é uma comédia que mistura muita ação, fantasia, aventura e romance. Tudo começa quando os estudantes Makoto Mizuhara, Katsuhiko Jinnai e Nanami Jinnai – além do professor biriteiro Masamichi Fujisawa – acabam sendo transmigrados para El-Hazard.

O problema é que esse fantástico mundo está em pé de guerra: as nações humanas estão prestes a entrar em conflito contra o Império Inseto de Bugrom. Para piorar ainda mais a situação, o teletransporte para El-Hazard possui um efeito colateral nos visitantes: cada um ganha uma habilidade especial. E é exatamente por causa disso que Katsuhiko Jinnai, dono de uma gargalhada maquiavélica inconfundível, torna-se o líder militar do exército de Bugrom ao firmar aliança com a Rainha Deeva. O objetivo da dupla agora é dominar o reino de Roshtaria da Princesa Rune Venus.

Por outro lado, o simpático e ingênuo Makoto, que era considerado por Jinnai seu grande rival na escola, se alia às forças da bela Rune. Além de Fujisawa e Nanami, a dupla conta com a ajuda das três Sacerdotisas Supremas: Shayla-Shayla, Miz Mishtal e Afura Maan – o trio leva consigo a chave para liberar todo o poderio da arma suprema chamada o Olho de Deus. Claro que os Bugroms, liderados por Jinnai, não pretendem ficar em desvantagem e querem recuperar o Demônio Lendário, uma outra arma que se equipara ao Olho de Deus.”

Não lembro de ter assistido ao anime, mas olha, lendo a sinopse até que fiquei interessado, parece bem divertido. É interessante, pois tivemos um isekai exibido no país muito antes de termos noção do que esse termo significa e da explosão de obras do gênero. Sobre a probabilidade de um relançamento, acho que é muito pequena, visto que o mangá veio justamente por causa do timing com a série animada. Foi um produto que veio em um momento propício mas, hoje em dia, tendo em vista o cenário atual, o resultado talvez não fosse satisfatório.


Fushigi Yugi

Escrito e desenhado por Yuu Watase, os 18 volumes lançados no Japão se transformaram em 36 no Brasil e foram publicados pela editora Conrad, entre fevereiro de 2002 e janeiro de 2005. Fushigi Yugi é um shoujo que mistura elementos de romance com mitologia chinesa, artes marciais, comédia e magia. A obra foi adaptada para anime pelo estúdio Pierrot e teve 52 episódios. Houve um acontecimento curioso durante a publicação deste mangá no Brasil, a obra começou a ser publicada com miolo em papel offset, mas no meio da publicação o papel foi alterado para papel jornal. O valor também sofreu alteração, o preço inicial era de R$ 4,50, mas o último volume do mangá chegou às bancas custando R$ 5,20.

“Miaka, uma estudante colegial que está enfrentando exames na escola, um dia vai junto com a sua melhor amiga, Yui, para uma biblioteca. Lá, Miaka entra em uma sala com um aviso de “proibido a entrada”, e acaba abrindo um livro que chama sua atenção. Ela e Yui são sugadas para dentro do livro onde tudo acontece na China medieval.

Fushigi Yugi não é um daqueles que sempre são citados pelos fãs de mangás do Brasil, mas as poucas pessoas que eu conheço que já leram a obra possuem um grande amor pela mesma. Acredito que um relançamento não seja algo tão impossível de acontecer, visto que os shoujos – ainda que devagar – têm conquistado mais espaço no mercado. Contudo, não acho que tal relançamento irá ocorrer a curto prazo.


Gundam Wing

Gundam Wing, de Koichi Tokita, é um dos mangás mais importantes desta lista! Não por ter sido revolucionário ou por ser algo extremamente valorizado (até porque se fosse, já teríamos tido um relançamento), mas a importância dele vem pelo fato de ser simplesmente o primeiro mangá publicado pela editora Panini no Brasil! Concluído aqui em 6 edições, referentes aos 3 encadernados japoneses, a publicação ocorreu entre agosto de 2002 e janeiro de 2003 e o preço de capa era R$2,90. 

A obra é mais uma adaptação de anime, desta vez do spin off da consagrada (e maravilhosa) série “Mobile Suit Gundam”, e o provável motivo pelo qual tivemos esse mangá em específico publicado por aqui é que Gundam Wing foi o único anime da tão famosa franquia de robôs gigantes a ser exibido no Brasil, pelo Cartoon Network. Além da série principal, a Panini também lançou outros mangás de Gundam Wing, tais como “Gundam Wing – Batalha pela Paz”; “Gundam Wing – G-Unit” e “Gundam Wing – Valsa Infinita”. Todos no formato meio tanko.

“O planeta Terra conseguiu acabar com os recursos naturais. Como solução, tivemos que avançar nossa exploração espacial e espalhar diversas colônias pelo cosmos. Com o tempo, nosso planeta foi se recuperando. Os descendentes dos antigos colonos formaram novos povos, costumes e comportamentos entre as pessoas que ficaram na Terra e as que estabeleceram colônias. Uma aliança militar foi estabelecida para acabar com as guerras entre todos, o confronto teve muitas vítimas. O grande líder foi Hero Yui, que acabou morto numa emboscada. No meio da batalha surgiram novos combatentes pilotando avançados robôs gigantes, chamados de Mobile Suits. Em meio a esses jovens pilotos surge Hero Yui, que adotou o nome do antigo líder, determinado a acabar de vez com as traições e confrontos. Uma grande esperança para a paz.”

Amo Gundam de paixão, mas sendo sincero, não vejo esse mangá sendo republicado no Brasil. Naquela época, fazia sentido trazer a série em quadrinhos, já que o anime estava sendo exibido na TV e fez até um relativo sucesso. Porém, além do fato de animes/mangás de mecha serem muito nichados entre o público brasileiro, existem outros mangás de Gundam que valem mais a pena. 


Inu-Neko

Bom, a imagem é meio auto explicativa em relação a que se trata o mangá, uma comédia romântica com muito ecchi. A obra de Kyo Hatsuki foi lançada no Japão em volume único, mas quando veio para o Brasil, através da editora JBC, foi dividida em 3 meio tankos que foram lançados entre maio e julho de 2007, o que é um tanto curioso pois nessa época os tankos já eram comuns no mercado. O preço de capa foi R$5,90. 

“Em Inu-Neko conhecemos as duas personagens femininas as quais o título dessa comédia erótica se refere. A professora Sachi Hoshikawa (Inu) é uma mulher linda, mas muito recatada, que evita qualquer contato com o sexo oposto e adora cachorros. Já a estudante Makino Aoi (Neko) é uma verdadeira gata de rua, livre e sem pudores. A garota é apaixonada pelo primo, Toraichi Kanda, mas descobre que o rapaz está obcecado pela professora Hashikawa.”

É engraçado que ao mesmo tempo que essa sinopse faz o mangá parecer fraquíssimo, ela me deixou curioso para ver como de fato é o mangá. Já vi algumas imagens e sei que ele é bem safadinho, mas parece ter uns momentos bastante engraçados. As poucas pessoas que me falaram sobre esse título disseram ser uma leitura divertida. Mesmo assim, esse é mais um dos que acho que não ganharão relançamento, pois além de quase não ser comentada, esse estilo de obra já não é mais tão popular (não que tenha sido uma febre, mas o ecchi já teve dias melhores em terras tupiniquins).

Chegamos ao final da primeira parte desta lista! Sei que fui meio pessimista aqui e não vi probabilidade de relançamento em vários títulos, mas sei que muitos de vocês estão de acordo que a maioria dos mangás citados no texto são produtos muito específicos, reflexo do tempo em que foram publicados. Uma prova disso é que quase todas as outras coleções em meio tanko mais populares já foram ou serão relançadas em breve. Claro, posso estar errado, já que isso são achismos meus, mas e vocês? O que acham? 

Por hoje vou ficando por aqui, nos vemos em breve na parte 2!

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