MB Animações: O Tempo com Você (Filme)

Provavelmente você já deve ter visto o filme “Your Name”. Se não, ao menos deve ter visto algumas cenas pela internet, já que o filme foi um sucesso no Japão, chegando a ser o longa mais vendido em animação do país (logo depois perdendo seu posto para o filme da franquia Demon Slayer). A estética de Your Name é bem bonita e conta uma narrativa intrigante, e o renomado diretor da trama, Makoto Shinkai, tem um estilo narrativo surpreendente (vide Jardim das Palavras e 5 Centímetros por segundo).

Mas, depois desse sucesso todo, muito se perguntava se ele poderia vir a se superar em uma possível nova obra, e bem, o tempo foi passando e um novo projeto foi lançado: “Tenki no Ko” (O Tempo com Você). O filme que já estreou há algum tempo, tem uma narrativa e uma estética que necessitam ser falada e aproveitando o lançamento do filme no streaming da Amazon Prime, por que não um MB animações sobre ele, não é mesmo?

– Sinopse

O filme lançado em 2019 e recentemente incluído no streaming da Amazon (Prime Video), conta a história de Hodaka, que durante as férias de verão foge de sua ilha e vai para Tóquio. A chuva se prolonga na capital e um certo dia, em meio à multidão, o garoto se encontra com uma misteriosa garota, mas quais serão os efeitos desse encontro? Afinal, esta é uma trama no qual um garoto e uma garota, vítimas de uma peça do destino, escolheram viver.

– A Narrativa

A obra não diferente muito de “Your Name” ao adotar um tom místico, mas desta vez usa os efeitos climáticos como ponto de catarse. As relações dos personagens, os motivos de suas ações e suas escolhas geralmente são acompanhadas por uma variável do tempo, seja em momentos alegres o sol ou com o arco-íris refletindo em uma poça que se acaba no chão, e até em momentos tensos, onde a presença da chuva é bem maior, e claro, a narrativa utiliza disso para fomentar as relações sociais (sim, fãs de romance, a obra tem essa pegada). O estilo narrativo do diretor é bem presente caso você já tenha o acompanhado antes, as poucas expressões faciais adotam um ar mais ocidental na relação, onde os personagens se conectam pelos seus gestos e ações para cada um.

Além disso, a trama tem uma capacidade narrativa de te prender com os mínimos eventos possíveis, talvez uma pequena conversa no metrô, um telefonema entre duas pessoas ou simplesmente os personagens em uma lanchonete. Cada uma dessas pequenas partes remetem muito a narrativa usada por Hayao Miayazaki (Roteirista e Diretor) do Studio Ghibli, onde nos seus filmes a presença do “vazio” é usada para momentos de calmaria em meio a toda tensão, o que facilitava na familiaridade e descanso para os personagens e quem assistia, e Tenki no Ko usufrui bastante de cada um desses momentos.

– A Estética

Talvez um dos pontos onde todas as obras do Makoto mais brilham (não desmerecendo sua complexidade narrativa) é a estética. A animação é surreal de absurda, pequenos detalhes como a chuva respingando, os trilhos ou a paisagem urbana japonesa é algo tão bem feito que é impossível não notar similaridade com a realidade, é surreal a capacidade gráfica de seus projetos e “Tenki no Ko” eleva isso ao máximo. Com todo esmero de sua produção, a obra é um deleite para os olhos.

– Vale a pena?

Talvez um dos pontos mais comentados quando o filme lançou foi “Ah, mas o filme não é tão bom quanto Your Name”, e isso gerou uma baixa expectativa e decepção quando assistiram. Dessa vez, a culpa não é da produção, o filme não é tão bom quanto Your Name por que ele não é pra ser!

Apesar da estética e familiaridade, a obra não tem foco nisso, ela possui uma abordagem com relações humanas diferentes do apresentado antes, é uma obra pra se assistir como uma experiência nova e não como um complemento. De forma isolada ela cumpre seu papel de maneira graciosa, tanto sua narrativa e estética extremamente rica em detalhes, o que faz esse filme ser recomendado tanto para os fãs de animações orientais como pra quem mesmo nunca chegou a consumir esse tipo de mídia.

A proposito, a obra em mangá foi lançada recentemente pela Editora JBC e você pode conferir nossa resenha do título aqui.